quarta-feira, 23 de julho de 2008

Carta endereçada a você

Oi. Tudo bom?

Começar a escrever essa carta, embora muito cômodo do alto da minha covardia toda, é difícil. Não sei mesmo por onde começar... pensei em milhares de jeitos de terminar, mas o primeiro parágrafo é sempre difícil.
Acho que eu devia começar admitindo o que talvez você já saiba... o quanto eu gosto de você. Que quando eu te vi pela primeira vez, não pensava que a gente fosse ficar tão próximo... não pensava que a gente ia se aproximar, não pensava que você seria mais que alguém do primeiro ano que chegou em terreno novo e estava se enturmando com meus amigos. Ledo engano! Não sei explicar de onde e quando começou, será que foi nos muitos bandejões da vida? Ou será que foi nas várias vezes que todo mundo matou aula para fumar loucamente e falar muita besteira? Só sei que não imaginaria que algo que começou com "nossa, alguém que consegue abrir uma garrafa de vodka com uma chave é foda pra caralho, precisamos de gente assim na patota" iria para frente. E como foi! Até uma "adoção" acabou rolando no meio e no meio de várias discussões e alfinetadas, nasceu uma amizade!
E agora eu devo admitir mais uma coisa, que você provavelmente já sabe... o quanto eu sou neurótico, surtado e maluco! Que quanto mais eu penso, menos eu faço... que eu penso demais, às vezes em coisas tããão banais, e quando eu preciso usar a cabeça mesmo... rere. E, por isso, eu te peço desculpas, pois sem que eu percebesse, você virou o mais novo alvo dos meus surtos.
Sabe, eu, apesar de talvez não aparentar (espero eu), sou tão imaturo com meus próprios sentimentos! Eu acabo às vezes moldando certas coisas na minha mente imaginativa e invento tão bem que acabo enganando a mim mesmo. E, quando menos espero, eu me tranquei numa obsessão que muitas vezes passa longe de ser amor.
Será que dessa vez é diferente? Eu não sei...
Só sei que um belo dia eu levantei e percebi o quanto ficar ao seu lado me deixava mais leve... me peguei reparando na sua inteligência... na sua determinação, que nem sempre se mostra... na sua voz, linda voz, e talvez mais ainda, na sua desenvoltura para mostrar ela ao mundo! E depois reparei no seu sorriso... no seu rosto, nos seus olhos... e nos seus abraços, nos seus carinhos, nas suas brincadeiras...
Qualquer pessoa esperta ou com um mínimo de visão no meu lugar teria percebido o golpe se aproximando. Mas eu, como sempre, olhando para o chão em vez de olhar o mundo, só percebi ao sentir algo dentro de mim acender quando você me deitou no seu colo.
E o que antes era uma luzinha quente virou uma fogueira que começou a queimar minhas entranhas. De amor? Não sei... queimaram de dúvida. De insegurança. Mas nesso ponto, queimaram, principalmente, de saudade.
Mas aí, você vinha de novo e ela se abrandava um pouco, o suficiente para dourar minhas maçãs do rosto e querer que os momentos mais fúteis da vida durassem uma eternidade.
Mas bastava você se afastar para que a fogueira ardesse mais forte. De insegurança e de saudade duplamente, pois eu sentia falta do seu toque, do seu cheiro... e sentia ciúmes dos outros homens.
Os outros homens! Como eu queria ser uma metralhadora ou um tanque de guerra para explodir todos os outros homens! Porque, talvez você, ou melhor, ninguém saiba que por detrás dessa cara de bonzinho, exista o homem mais possessivo e vaidoso da Terra. Eu juro que eu me esforço para guardar, mas eu não consigo. Eu, como todo leonino, quero atenção. Mas nem sempre, quando se tratam de todos. O meu problema é você. Se eu pudesse me apagar para todos os outros para que você aparecesse, talvez eu me apagaria. Contanto que aos seus olhos a chama mais forte fosse a minha, entende?
E acho que foi assim que eu passei a te odiar. Te odeio, sim, porque não apenas existem outros homens, mas eu tive que ver um deles encostar em você! E fazer você se divertir e te deixar feliz do jeito que você me deixa! E, talvez, do jeito que eu nunca deixei você feliz...
Mas sabe o que mais queima dentro de mim? A raiva. De você? Às vezes sim, mas nada dói mais que o ódio que sinto de mim. Da minha covardia. Sinto ódio do jeito que eu me entrego, tão fácil, tão fácil, para você. Sinto ódio de não conseguir estar longe de você sem ficar surtando, e isso só piora ao constatar que você está muito longe de sentir qualquer coisa parecida. Sinto ódio da minha falta de controle comparada à sua certeza. Sinto ódio de mim por deixar que meu coração descompasse num ritmo de rave por você. Sinto ódio de mim por estar escrevendo essa carta piegas e tão pobre, tão pobre, que não consegue descrever nem 1 por cento do que eu sinto.
Mas talvez exista algo que eu odeie mais que a mim mesmo. A dúvida. Que nem sei se existe realmente, talvez seja tudo tão claro como água, mas eu não consigo ver! Me esforço para entender que você dificilmente sente o mesmo por mim... mas infelizmente, a esperança é a última que morre. E é por isso que eu escrevo essa carta a você... como eu já disse, a minha covardia é muito grande. Espero que, com isso, você finalmente pise de vez em cima de mim com força e nós possamos voltar a sermos o que éramos antes d'eu cair em outra armadilha da minha própria cabeça.
Ou não.
Não sei se isso é amor ou obsessão ou qualquer outra coisa, mas o que eu queria mesmo era você me abraçando de novo e afagando meu cabelo de novo e eu conseguir ter coragem de olhar no fundo dos seus olhos sem desviar o olhar e te dar um beijo daqueles bem piegas de filme blockbuster.
E eu tenho muito medo de que essa fantasia idiota minha, tão babaca, vire pó e jamais se realize...

Bom, é isso. Como já disse, essas linhas tão bregas e toscas não conseguiram nem de longe descrever como eu me sinto mesmo. Ou talvez elas sejam uma descrição perfeita de como eu me sinto, mas a minha vontade de não me entregar e não sentir falem mais alto. Ah, sei lá, pelo menos eu finalmente consegui escrever. Agora, vou terminando enquanto penso se entrego ela para você ou não. Acho que vou acabar entregando... e seja o que Deus quiser. Caso você a leia, não se sinta obrigado a nada, mesmo. Eu só queria que você lesse... e talvez entendesse.

(ou talvez retribuísse... mas quem sou eu para pedir milagres aos céus? =/)

Beijos,
Paulo

2 comentários:

Arthur Miranda disse...

Feliz aniversário?
Desculpa, mas eu gosto de falar só pessoalmente


ah, e adoro meus posts repercutirem

IsABela araÚjo siLVA disse...

poxa, que papo foi aquele de "querer se apaixonar" no primeiro post que eu li?!?
vc já está apixonado muleque! fala sério! vai fundo... pise em ovos ou não, sei lá... é difícil aconselhar amigos, ainda mais irmãozinhos pequeninos e fofinhos, mais novos que são eternas crianças.... ai meu deooooos!